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Freiras protestam contra “expressão pejorativa” usada por Renato

A entrevista coletiva do técnico Renato Portaluppi, após a vitória sobre o Bragantino, repercutiu de várias formas, chegando, inclusive, ao campo religioso.

Em nota, a Irmã Celassi Dalpiaz, diretora do Colégio Santa Inês, manifestou-se, representando as Freiras, rebatendo uma das frases ditas pelo treinador, que no entendimento dela levantou um estereótipo jocoso.

“Para um time não discutir em campo existem duas opções: um time de freiras ou um de mudos”, disse o treinador sobre as manifestações negativas dos jogadores no encontro diante do Bragantino na segunda-feira.

A frase provocou indignação da Irmã Celassi Dalpiaz, que por meio de uma carta aberta fez colocações direcionadas ao treinador gremista.

Leia na íntegra

“Mais uma vez, deparo-me com um posicionamento preconceituoso que me causa indignação. ‘Eu não tenho um time de Freiras’. No esporte, é comum escutarmos expressões como essa, quando se quer explicar um comportamento que extrapola os limites. Essa justificativa denota, que pelo fato de ser freira, deve-se abaixar a cabeça, submetendo-se ao destino, sem luta. Quero te dizer, prezado Renato Portaluppi que, para ser FREIRA hoje, precisamos de muita garra e capacidade de luta, para nos sobrepor a tantos preconceitos de todos os gêneros. A indignação é que nos move e que nos faz olhar além do que vemos, tomar frente às situações de injustiças e, muitas vezes, ser resilientes. Por que pelo fato de ser freiras, não podemos usar de rebeldia, força e capacidade de enfrentar aquilo que entendemos injusto? O mundo mudou, meu caro. O olhar é outro e eu, sendo freira, não me eximo de nenhuma responsabilidade. Não me calo frente a situações injustas e nem aceito carteiraço. Indignar-se é sinônimo de não aceitar a situação. Seria bem mais educativo o Maicon, como líder que é, admitir que nada deu certo e, com seu comandante e companheiros, buscar alternativas para mudar. Chutar o balde, por vezes, só serve para esparramar a água, mas não resolve o problema. Essa já não é a primeira vez que me dirijo aos programas de rádio e TV para demostrar meu descontentamento por ouvir, de alguns, expressões levianas e que se tornam naturalizadas pelo fato de entendermos que são expressões cotidianas, em determinados espaços, para fazer uma comparação.

Estamos numa sociedade que requer posicionamento, para que haja transformações de julgamentos, aparentemente inocentes, mas que estigmatizam pessoas ou instituições. Como profissional da educação tenho compromisso de me posicionar contra isso, pois entendo que é dessa forma que também educo. O esporte arrasta multidões. Então, por que não usar este espaço para mudanças sociais? Tenho visto e reconheço muitos cidadãos que já o fazem. Como apaixonada por esporte, assídua aos debates e admiradora de tantos que compões esses times, deixo minha contribuição para podermos mudar de paradigmas e fazermos, juntos, uma revolução que educa.”

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