O ambiente interno do Grêmio enfrenta momento conturbado, com versões de todos os lados sobre a condição financeira do clube. A partir disso, o presidente gremista, Alberto Guerra, emitiu um comunicado em sua conta oficial no Instagram para esclarecer rumores e revelar algumas informações inéditas de sua trajetória como mandatário do clube.
Dentre alegações e críticas feitas contra alguns jornalistas (sem citar nomes), o presidente do Grêmio revelou inclusive, propostas recebidas por alguns jogadores e recusadas. Na visão de Guerra, o objetivo era manter o elenco competitivo ao longo dos últimos anos.
Presidente do Grêmio rebate rumores sobre condição financeira do clube
Veja a nota oficial na íntegra:
“Muito tem se falado nas finanças do Grêmio nos últimos dias e, por diversos interesses, meias verdades (que são sempre mentiras) são publicadas no momento de transição da gestão. Imperativo começar dizendo que qualquer análise simplista e sem contextualização já nasce equivocada e parcial.
Contextualizando, assumimos o clube em nov/22 vindo da série B, com time de série B e com cerca de 57 mil sócios em dia. A nossa missão era clara, dita e foi cumprida: Aumentar o nosso quadro social e montar um time competitivo. Uma coisa estava ligada a outra. Precisávamos de um time para chamar novamente o torcedor a se associar.
Comparar o Grêmio/22 com o Grêmio/25 nos leva também a uma visão distorcida na medida em que 1) comparamos uma realidade de série B com uma série A inflacionada; e 2) deixamos de comparar com o mercado atual e os nossos concorrentes. Dito isso, esse endividamento endereçado a nossa gestão começou em nov/22, quando assumimos o clube. Sem dinheiro, recorremos a um empréstimo bancário para pagar os salários de nov e dez de 2022, décimo terceiro, férias e a premiação pelo acesso a série A (tudo isso somou qiase 50 milhões de reais).
Com 22 resolvido, chegamos em janeiro de 2023. E agora? O que fazer? Conra corrente segue zerada e sem nenhum ativo (ou poucos com baixíssimo valor) para fazer o caixa girar. Manter o time de 2022 para jogar em 2023? Optamos pela reconstrução, tomamos outro empréstimo para contratar dois jogadores e os demais foram contratados livres no mercado. E nos 36 meses que se seguiram, em nenhum deles iniciamos o mês com os recursos para suportar os custos mensais. Sempre corremos atrás, jamais reclamamos e nunca atrasamos.
Mas esse é o normal (infelizmente) na grande maioria dos clubes. Cair seria o mais desastroso. A forma como pegamos o clube, nos levou para essas primeiras medidas. O ideal seria um aporte significativo de dinheiro para dar fluxo de caixa e estancar os juros. Sem isso, a única forma de deixar de se tornar superavitário é fazer um time para um novo ciclo vitorioso. E para um ciclo vitorioso, é necessário investir no futebol.
Numa linguagem para o torcedor entender, em 2022, na realidade de série B, a dívida era menor e com poucos ativos (jogadores em estoque para venda). Em 2025, na realidade de série A inflacionada (SAFs e BETs), temos uma dívida maior, mas com jogadores com valor de mercado que suportam esse número.
Vejamos os números: A dívida deixada por esta administração é de R$ 220 milhões, somadas com a dívida recebida das gestões anteriores somam 377 milhões de reais. Esse incremento da dívida tem três origens: dívida bancária, tributos e dívida com terceiros.
A “dívida com terceiros” considera-se os valores emprestados por dois empresários. Essa cifra chega a R$ 143,7 milhões. Contudo, R$ 63 milhões deixados por um dos empresários para a última janela de contratações serão devolvidos ao longo de 63 anos, sem juros, em parcelas anuais de R$ 1,05 milhão. Essa é aquela dívida “boa”, que não tem como uma gestor não aceitar, mas a penalidade para a gestão é lançar no balanço como “dívida” no balanço.
Da parte referente ao outro empresário, lembramos que 20 milhões referem-se a compra do crédito junto ao Banrisul que nos permitiu “comprar” a Arena e essa compra nos permitirá ter uma receita futura na casa dos 100 milhões anuais.
Da dívida bancária que complementa esse total, parte dos recursos foram destinados a investimentos, dentre eles em jogadores com valor de mercado. O Grêmio tem ainda em torno de 120 milhões a pagar por jogadores nos próximos anos, mas são parcelas não vencidas e não constitui dívida.
Para se ter uma ideia, recebemos propostas formais (no papel) por Gabriel Mec de 15 milhões de euros, pelo Gustavo Martins de 5 milhões de euros, pelo Cristaldo de 6 milhões de euros, pelo Alysson de 8 milhões de euros e pelo Wagner Leonardo de 7 milhões de dólares. Nossa decisão foi de manter os nossos jogadores em busca do ciclo vitorioso e virtuoso.
Reconhecemos que a fotografia momentânea não é a que gostaríamos, mas o “filme” é melhor. Se a questão é meramente financeira, basta vender alguns atletas e ainda assim deixaríamos um time melhor do que pegamos. Na hipótese de vendermos todos os atletas acima, ainda assim teríamos em “estoque” os jogadores Monsalve, Aravena, Arezo, Villasanti, João Borne, Benjamin, Luis Eduardo, Tiaguinho, Riquelme, Erick Noriega. E por todos estes jogadores também recebemos sondagens (sem proposta oficial). Além destes, somos consultados pelos atletas mais experientes como Arthur, Willian, Carlos Vinicius, entre outros.
Lembramos ainda que parte das contratações (e do endividamento) da última janela fora decidida em comum acordo com então candidato daquele momento para que o time da gestão dele já iniciasse mais forte. Parte das contratações deste ano também se fez necessário face ao alto número de lesões, em especial as traumáticas. Até essa data, 12 cirurgias foram necessárias devido a lesões traumáticas (ombro, tornozelo, joelho, tendão de aquiles), quando o número normal anual é entre zero e duas.
E ainda assim, chegamos a este momento sem que tenhamos antecipado (e podíamos te-lo feito lá atrás) os valores da Alfa. Da mesma forma, não vendemos por 50 anos 10% dos nossos direitos de televisão. Se compararmos com os nossos concorrentes, os 230 milhões investidos pelo Grêmio em jogadores nos três anos da gestão foi menor do que a maioria dos grandes clubes. Vasco, Botafogo, Flamengo, Bahia, Fluminense, Atlético-MG, Cruzeiro Palmeiras e Corinthians investiram mais que o Grêmio. E investimos praticamente o mesmo montante que o São Paulo e Internacional. E por quase 3 anos a nossa folha salarial era a 13ª ou 14ª do país. Sim, o futebol é caro!
Dos 57 mil sócios em dia pulamos para 118 mil sócios no final de 2023 e mais de 120 mil sócios em dia em abril de 2024. Mesmo após a enchente que afetou a todos nós, o Grêmio tem mais de 103 mil sócios em dia, duplicando a arrecadação com o quadro social.
Com isso, gostaria de expressar a todos os torcedores e sócios que observem quem são os fornecedores de informação. A democratização da informação trouxe personagens sem valores, sem ética e que só pensam no seu bolso, pelo que é cada vez mais necessário buscarmos fontes confiáveis. Do contrário o “cornetinha recalcado”, os “filhos de chocadeiras” e os “irmãos metralhas” que fazem as vezes de jornalistaas, empresários de jogador e assessor de imprensa de movimento político vão continuar trazendo desinformação, causando tumulto na vida do clube e daqueles que trabalham seriamente pela instituição.
Posso assegurar a todos vocês que entregaremos um clube melhor, com um elenco qualificado para começar o ano de 2026 cujo campeonato brasileiro já se inicia em janeiro.”











