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Lembra dele? Ex-lateral do Grêmio diz que Tite mudou a sua visão de futebol e cita time de 2001: “Todos queriam copiar”

Há quase 20 anos, o Grêmio virava escola no futebol brasileiro por, enfim, conseguir estabelecer um sistema 3-5-2 efetivo, móvel, equilibrado na defesa e intenso no ataque. No comando estava Tite e, na lateral-esquerda, Rubens Cardoso, que avalia que o atual treinador da seleção mudou o seu pensamento de futebol.

Entrevistado pela reportagem do Gremistas.Net, o ex-jogador colocou aquela equipe de 2001 como uma das melhores da carreira e falou sobre o quanto Tite conseguia “mexer” com aquele elenco:

“Aquele time de 2001 foi um dos melhores que eu joguei. E o Tite, pra mim, foi um dos melhores treinadores. Como pessoa também. Ele mudou muito o conceito da forma como eu via os treinadores. Pra mim, existe um antes do Tite e depois do Tite. Vi que ele era o camarada que era o cara didático, o professor, que cobrava, que tinha um fator psicológico que eu nunca vi igual no futebol. Essa equipe jogou muito em função do Tite estar naquela gana, de estar no início da carreira e tinha essa condição de mexer no psicológico dos atletas. Ele levava o atleta ao limite. Era a diferença. Um time muito bem treinado e motivado, por isso o sucesso em 2001”, comentou.

A grande partida daquele Grêmio acabou sendo exatamente a final da Copa do Brasil diante do Corinthians, batido facilmente dentro do Morumbi por 3×1 no jogo final.

Time equilibrado e com peças que se “encaixavam”

Para Rubens, a direção do Grêmio e Tite foram cirúrgicos em escolherem os jogadores certos, para as funções certos e no sistema perfeito. Como uma engrenagem, tudo funcionou bem para a busca de grandes resultados.

“Nós conseguimos montar um sistema que encaixou todas as peças. Na direita, o Anderson Lima que batia na bola como uma raridade. Cruzamento, faltas, lançamento. Porém, ele não tinha a velocidade que eu tinha na esquerda. A intensidade. Meu amigo, se falasse pra eu ir 30 vezes no fundo, eu ia as 30 com muita força. Existia um equilíbrio. De um lado, alguém mais técnico, que tratava bem a bola. Do outro, um cara mais de força”, disse, antes de concluir:

“Eu era o desafogo, chegava sempre junto com o Luís Mário na frente. Todo mundo falava. Se não me engano, tem dois gols que eu chego na área dando um estirão e o Luís Mário cruzando do outro lado. Eu saía de trás e acompanhava um cara da frente. Com chegada surpresa. Era tudo muito bem trabalhado ali”.

Rubens Cardozo, ex-jogadores do Grêmio — Fúlvio Feola / GE

Decepção com a pancadaria no Gre-Nal e futuro no futebol

O ex-jogador, que também teve passagem vitoriosa pelo Inter, lamentou as cenas lamentáveis vistas no último Gre-Nal – inédito na história da Libertadores. Na Arena, Grêmio e Inter ficaram no 0x0 e mancharam a partida com uma pancadaria que gerou oito expulsos no fim do segundo tempo.

Rubens garante que, se estivesse em campo, tentaria separar:

“Nós todos fomos testemunhas desta pancadaria. Sou contra isso. Infelizmente, foi levado pro pessoal. Tem que existir a rivalidade. Se eu defendo um time, posso tirar onda nas redes sociais, brincar, falar, mas tem que ter um limite. E ele foi excedido. E tem que ser punido. Concordo com punição severa ao pessoal que brigou. Porque influencia muito fora de campo também e já não vivemos um bom momento em relação à torcida. Já disputei vários Gre-Nais. O Danrlei, por exemplo, era o cara mais xingado. Nunca vi ele brigando dessa forma. Você tem que brincar, a torcida deve tirar onda, na segunda-feira brincar, fazer piada, enfim. Mas esse episódio foi lamentável. Se eu estivesse lá dentro, eu iria tentar separar de todas as formas. Não iria entrar em confronto e briga. Não é a ideia do futebol. O futebol é pra trazer alegria e felicidade”.

Rubens Cardoso á esquerda e Clemer no meio

Já aposentado dos gramados, Rubens Cardoso segue se dedicando ao futebol e aguarda um novo clube para seguir como assistente-técnico do ex-goleiro Clemer. Juntos, fizeram um bom trabalho no Brasil de Pelotas entre 2018 e 2019, com direito ao vice-campeonato gaúcho diante do próprio Grêmio.

“Estive com o Clemer e nós fizemos um trabalho espetacular no Brasil de Pelotas. Fizemos uma final no Gauchão de 2018 contra o Grêmio e fomos vice. O Grêmio vinha numa fase especial. Não só pela chegada, mas pelo trabalho desenvolvido lá dentro. Conseguimos com os mesmos jogadores fazer aquela equipe jogar. Terminamos em 8° na Série B, sendo que pegamos na zona do rebaixamento e o nosso time jogava. Mudamos a forma de jogar. Isso foi trabalho, não por acaso. Pretendemos seguir assim. O Clemer ainda não assumiu outra equipe. A gente estuda propostas pra dar sequência e estudar também pra melhorar. Crescer na profissão. É o projeto que nós temos. Buscamos uma equipe que nos dê condições de fazer um trabalho semelhante ou até melhor que fizemos no Brasil”, concluiu.

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